Lupi pode deixar ministério da Previdência e PDT ameaça romper com governo Lula

Publicado em 2 de maio de 2025 às 15:05

Escândalo sobre fraudes bilionárias no INSS agravam tensão política

Presidente Lula e o ministro Carlos Lupi. Foto: Divulgação

 

A crise envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) colocou o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, no centro de uma tempestade política que pode culminar em sua saída do governo.

Aliados do ministro, sob condição de anonimato, confirmam que Lupi avalia pedir exoneração, desgastado pelo isolamento político e pela pressão decorrente do escândalo.

Um encontro reservado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, previsto para esta sexta-feira (2), pode selar o destino do ministro.

O estopim para a crise foi a revelação de um esquema de fraudes no INSS, que expôs fragilidades na gestão do órgão.

A situação se agravou com a nomeação de Gilberto Waller Júnior, procurador federal, como novo presidente do INSS, decisão tomada sem consulta a Lupi ou ao PDT, seu partido.

A escolha foi interpretada como um sinal de desconfiança do Palácio do Planalto em relação ao ministro, conforme relatado pelo O Globo.

 

Carlos Lupi, ministro da Previdência Social. Foto: Divulgação.

 

Na última terça-feira (29), Lupi passou cinco horas em uma audiência na Câmara dos Deputados, onde apresentou um balanço das ações do governo para combater fraudes previdenciárias.

Segundo o ministro, nos últimos dois anos, 268 apurações de novos casos foram iniciadas.

Ele também destacou que, ainda em 2023, solicitou ao INSS uma investigação sobre denúncias de corrupção, mas o diretor responsável pelo levantamento foi exonerado em julho de 2024 após atrasos na entrega dos resultados.

Apesar da defesa pública, aliados relatam que Lupi está exausto.

A crise atual remete a 2011, quando, à frente do Ministério do Trabalho, ele enfrentou acusações de desvios e propinas em convênios com ONGs.

Na ocasião, Lupi resistiu por quase um mês antes de deixar o cargo, antecipando-se a uma recomendação da então presidente Dilma Rousseff.

Agora, interlocutores afirmam que o ministro não pretende se agarrar ao posto a qualquer custo, embora faça questão de se posicionar enquanto ainda comanda a pasta.

 

PDT na encruzilhada

A possível saída de Lupi pode ter consequências mais amplas para a base aliada do governo Lula. O PDT, partido do ministro, já sinaliza que não permanecerá no governo caso ele deixe o cargo, mesmo que por decisão própria.

O líder do partido na Câmara, Mário Heringer (PDT-RS), foi taxativo em entrevista à CNN: “Se demitir o nosso presidente Lupi, nós queremos também sair desse compartimento político, porque esse compartimento político não trata com reciprocidade e fidelidade os seus.”

A eventual ruptura do partido com o governo pode fragilizar a coalizão de Lula, que já enfrenta desafios para manter a governabilidade em um Congresso polarizado.

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