“Cabeça de Ozempic”: os riscos e consequências do uso indiscriminado do medicamento para emagrecer

Publicado em 2 de maio de 2025 às 13:10

Especialistas alertam para os perigos do uso off-label e a importância do acompanhamento médico

A semaglutida revolucionou o tratamento contra a obesidade, mas uso do medicamento exige atenção.

 

O Ozempic, medicamento desenvolvido pela Novo Nordisk para o tratamento de diabetes tipo 2, tornou-se um fenômeno nas redes sociais devido aos seus efeitos no emagrecimento.

Com a semaglutida como principal componente, o remédio promove perda de peso rápida ao retardar o esvaziamento gástrico e regular o apetite, o que o levou a ser usado "off-label" — fora das indicações da bula — para fins estéticos.

Contudo, especialistas alertam: o uso sem acompanhamento médico pode trazer sérios riscos à saúde, incluindo o fenômeno apelidado de “cabeça de Ozempic”.

O que é a “cabeça de Ozempic”?

O termo “cabeça de Ozempic” ganhou popularidade nas redes sociais para descrever uma desproporcionalidade percebida entre a cabeça e o corpo de pessoas que perderam peso rapidamente com o medicamento.

Segundo o endocrinologista Ricardo Barroso, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP), esse efeito está relacionado à perda de massa muscular decorrente do emagrecimento acelerado.

“A falta de massa muscular dá a sensação de que o corpo está mais magro em relação à cabeça, criando essa desproporção”, explica.

Além disso, a rápida perda de peso pode causar flacidez, especialmente no rosto — condição chamada de “rosto de Ozempic” —, mas também em outras áreas como abdômen, coxas e glúteos.

“A flacidez ocorre principalmente em pessoas com perda de peso acelerada, baixa ingestão de proteínas e pouca atividade física, o que leva à perda de colágeno e massa magra”, complementa Barroso.

Famosos que fizeram uso do medicamento para emagrecer apresentam efeitos colaterais visíveis.

 

Efeitos colaterais e riscos do uso inadequado

A semaglutida, análogo do hormônio GLP-1, é eficaz para regular a glicemia e promover saciedade, mas seu uso indiscriminado pode desencadear diversos efeitos colaterais.

Um estudo de 2021 mostrou que 86,4% dos participantes perderam pelo menos 5% do peso corporal após 68 semanas de uso do Ozempic.

No entanto, a perda de peso pode vir acompanhada de complicações, como:

  • Náuseas, vômitos e diarreia, que podem levar à desidratação;
  • Inapetência excessiva e dificuldade para se alimentar;
  • Dor de cabeça e mal-estar;
  • Pedra na vesícula, associada à rápida perda de peso;
  • Sarcopenia, devido à redução de massa muscular e densidade óssea.

O sedentarismo e a baixa ingestão de proteínas, comuns entre usuários do medicamento, agravam a perda de massa magra, aumentando a flacidez e o risco de problemas de saúde a longo prazo.

Posicionamento da Novo NordiskEm comunicado, a Novo Nordisk reforça que não apoia o uso off-label do Ozempic nem a automedicação.

A empresa destaca que os efeitos adversos, como distúrbios gastrointestinais, são geralmente leves e podem ser minimizados com acompanhamento médico e hábitos saudáveis, como comer porções menores, evitar alimentos gordurosos e manter a hidratação.

A farmacêutica enfatiza a importância de seguir a prescrição médica para reduzir riscos.

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