Mãe de exilado político protesta contra Hugo Motta; Damares defende presidente da Câmara

Teresa Vale interrompe evento do Republicanos e critica falas do presidente da Câmara, Hugo Motta • Pedro Moreira/CNN

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi surpreendido nesta sexta-feira (21) durante um evento do Republicanos Mulheres, em Brasília, por uma cobrança pública sobre a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

Teresa Vale, mãe de um dos participantes condenados, interrompeu a cerimônia para criticar as recentes declarações do parlamentar e exigir que o projeto de anistia seja pautado no Congresso.

Com a voz embargada, Teresa subiu ao palco e declarou: “Eu sou a mãe de um condenado político. Mulheres, socorro, sou mãe. Anistia!”.

Ela se referia ao filho, João Lucas Vale Giffoni, condenado a 14 anos de prisão por envolvimento nos atos que tentaram subverter a ordem democrática no início de 2023.

Segundo Teresa, João ficou sete meses preso no Complexo da Papuda, em Brasília, e atualmente está fora do Brasil.

Teresa questionou uma fala do deputado na última quarta-feira (19), durante sessão em homenagem aos 40 anos da redemocratização brasileira, quando ele afirmou que o Brasil não registra “perseguições políticas, nem presos, nem exilados políticos” nas últimas quatro décadas.

“É uma incoerência. Vim testemunhar a mentira de Hugo Motta”, disparou Teresa, antes de ser retirada do local por seguranças.

O caso de João ValeJoão Lucas Vale Giffoni foi condenado em outubro de 2023 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como associação criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

“Meu filho é um jovem psicólogo infantil maravilhoso. Como pode estar condenado assim?”, questionou Teresa, que classificou a situação do filho como uma injustiça e defendeu a aprovação de um projeto de lei que anistie os envolvidos nos episódios de 8 de janeiro.

Após o incidente, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) saiu em defesa de Hugo Motta e do presidente nacional do partido, Marcos Pereira (SP).

“[São] dois líderes que estão, nesta semana, sob severos ataques. Ataques, inclusive, de que eles não são pela democracia. Quem os ataca, não sabe a luta que foi para que os dois estivessem nos lugares-chave, no momento que o Brasil mais precisa fazer a garantia da democracia”, afirmou Damares.