Discurso do pregador norte-americano é baseado em citações bíblicas e ocorreu em 2023

Pastor David Eldridge durante pregação em culto evangélico. Foto: Reprodução
O pastor norte-americano David Eldridge foi indiciado por homofobia pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), nesta quinta-feira (20), no Distrito Federal.
O religioso, que afirmou em um evento que homossexuais irão para o inferno, também enfrenta a possibilidade de ser proibido de palestrar em território brasileiro por três anos, conforme sugerido pela investigação.
A investigação da Decrin foi impulsionada por denúncias da Aliança Nacional LGBTI+, da Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (ABRAFH) e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, presidida por Fábio Felix (PSol), além de uma representação ao Ministério Público do DF (MPDFT).
O caso, que aconteceu em fevereiro de 2023 durante uma pregação da Assembleia de Deus no pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, no período do Carnaval.
“Você, moço, que está usando calça apertada, que é o espírito de homossexual: isso vai para o inferno! Você, moça, que quando sai de casa a saia está curta e apertada, você sabe o que está fazendo? Você tem uma reserva lá no inferno!”, declarou em inglês.
Eldridge baseia sua fala em citações bíblicas, como os descritas em I Coríntios 6:9-11, que afirma:
9 Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais,
10 nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.
11 Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.
Quando voltou aos Estados Unidos, o pastor escreveu em seu Instagram que estava de volta à terra da liberdade:
“Semana incrível na América do Sul. A Deus seja a glória. Mas agora estou de volta para a terra da liberdade”, publicou.
Cristãos sob ameaça: o direito de crer em risco
A liberdade religiosa, garantida pelo artigo 5º da Constituição, assegura o direito de professar e manifestar crenças, sendo um pilar fundamental da democracia pluralista.
A pregação de Eldridge reflete uma interpretação teológica tradicional, amplamente aceita em diversas denominações cristãs, sem configurar incitação direta à violência ou discriminação.
Defensores do pastor afirmam que ele apenas reproduziu ensinamentos das Escrituras, algo que, embora possa desagradar alguns, permanece dentro dos limites da liberdade de culto.
Para eles, punir suas palavras equivaleria a impor censura estatal sobre convicções religiosas, estabelecendo um precedente perigoso em que o governo define quais doutrinas podem ou não ser expressas.
Adicionar comentário
Comentários
Eu creio na Bíblia, a Palavra de Deus, do Gênesis ao Apocalipse e respeito quem pense o contrário, embora não concorde com eles. Assumir outra posição seria negar a minha fé, o que não faria em nenhuma hipótese, simples assim.